Vamos ser sinceras, quase toda mulher já bateu ou pelo menos já teve vontade de bater nas bolas de alguém em algum momento da vida. Agora imagine ter um “saco de pancadas” à sua disposição onde você possa ter a liberdade de poder bater de verdade nessa região de um homem. Te interessou? Pois é, acredite se quiser, esse fetiche existe e ele é mais intrigante do que você imagina.
As dominadoras Goddess Aviva e Creatrix Chalice explicam que ballbusting nada mais é do que um fetiche que envolve bater nos testículos de alguém. Isso pode incluir chutes, joelhadas, tapas, socos, apertões e qualquer outra técnica que for de interesse das pessoas envolvidas. Mas calma, nós vamos esclarecer melhor isso aqui.
É nessa hora que surgem muitas perguntas. Realmente existem homens que gostam disso? Por que eles gostam? Não dói? É perigoso? Quais são as razões que atraem as mulheres para essa prática? A escritora Lara Sterling fez uma compilação de vários depoimentos de homens e mulheres que amam ballbusting. Eu estou trazendo aqui um resumo de todos esses depoimentos e de alguns outros relatos de dominadoras que encontrei na internet.
Os princípios do ballbusting
Antes de mais nada precisamos entender que o ballbusting é um fetiche BDSM e o princípio ético básico do BDSM é o são, seguro e consensual, ou seja, toda atividade deve ser segura, tanto fisicamente quanto psicologicamente, todos os envolvidos devem estar com a mente sã o suficiente para aceitarem qualquer tipo de ato decidido, e todos devem consentir com tudo que será realizado ou está sendo realizado. Sadomasoquismo é BDSM e o BDSM é totalmente contra a violência e o abuso sexual.
(Aqui vai um spoiler: 50 Tons de Cinza é uma história de “dominação” bastante popular, mas saiba que essa obra na verdade conta a história de um relacionamento abusivo, aquilo não tem nada a ver com o verdadeiro significado de dominação e submissão da vida real, aquilo não tem relação nenhuma com a essência do BDSM. 50 Tons de Cinza é a erotização do abuso sexual. BDSM é literalmente o oposto do abuso)
Dentro da comunidade BDSM, o ballbusting é tido como um subgênero do cock and ball torture, comumente abreviado CBT. O cock and ball torture é o nome dado ao conjunto de práticas sadomasoquistas envolvendo o pênis e os testículos. Ballbusting é de longe a vertente mais popular do CBT, sendo um termo mais popular do que o próprio cock and ball torture. Mas enquanto eu não escrevo um artigo completo sobre o CBT, você pode conferir o próprio artigo da Wikipédia, que traz informações bem precisas sobre o assunto. Aqui vamos focar o assunto no ballbusting em si.
Por que o ballbusting é prazeroso?
Ballbusting diz muito sobre a desconstrução de um tabu social onde diz que a mulher é o sexo frágil. A sociedade diz que ele deve ser forte porque ele é homem, mas ali está ele, se contorcendo de dor no chão por causa de uma mulher que o atacou justamente na região que maior representa a figura masculina.
Para a maioria dos homens, um chute no saco é uma das piores coisas que pode acontecer, mas para alguns a arte erótica do ballbusting é vista como excitante. De maneira geral, o ballbusting tem menos a ver com a dor física e mais a ver com a dominação psicológica.
Os homens que foram entrevistados afirmaram que o excitante é a dominação que gira em torno do ballbusting, não a dor nas bolas em si. Eles acham excitante estar fisicamente vulnerável e sexualmente controlado por uma mulher.
Ballbusting diz muito sobre a desconstrução de um tabu social onde diz que a mulher é o sexo frágil. A sociedade diz que ele deve ser forte porque ele é homem, mas ali está ele, se contorcendo de dor no chão por causa de uma mulher que o atacou justamente na região que maior representa a figura masculina.
Além disso tudo, os adeptos também mencionam que um dos pontos mais prazerosos do ballbusting é o ato de ver a mulher realmente gostando e se divertindo quando domina um homem ao bater nos testículos dele.
E quais os principais motivos citados que atrai o interesse de tantas mulheres para essa prática?
Bastienne Cross é uma dominadora especializada em ballbusting e ela conta que a graça do fetiche não é o contato físico em si, como por exemplo quando o pé dela acerta as bolas de alguém. Ela diz que o ballbusting em si é muito intimidador e ela ama deixar o parceiro assustado. Até mesmo nos momentos em que ela não está batendo, o parceiro sabe que ela é capaz de causar essa dor intensa nas bolas dele a qualquer momento. O que ela mais gosta no ballbusting é o contato visual intimidador que mostra quem está no comando. Aqui, as bolas são usadas como uma ferramenta de atração e prazer.
Mistress Lucy Khan diz que acha excitante o aspecto psicológico de ter as partes mais vulneráveis do corpo de um homem “na palma de sua mão”. Ela vê muito erotismo em ter o controle sobre o corpo masculino e acha excitante a ideia de saber que consegue derrubar qualquer um com um mero golpe numa área tão frágil como os testículos.
Goddess Aviva e Alisha Griffanti veem o ballbusting como uma grande forma de reparação histórica. Os testículos são tratados como o centro da masculinidade, mas ao mesmo tempo são super sensíveis a qualquer tipo de impacto. Então a ideia de conseguir ferir fisicamente a masculinidade é interessante para elas. As expressões e gemidos de dor que um homem faz quando é atingido nessa região acaba sendo excitante para muitas mulheres. Alisha ainda acrescenta que ballbusting é o fetiche preferido dela por ser uma ótima maneira de desestressar.
Tammy Smiling vai mais além. Ela explica que, como os testículos são os responsáveis pela produção da testosterona, eles acabam sendo um símbolo de força e poder dos homens. E como dominadora, usar esse mesmo símbolo para subjugar um homem é muito atraente. É poético saber que o símbolo da força dos homens também seja a parte mais frágil e vulnerável do corpo deles. Ela ama saber que se uma mulher quer infligir imediatamente a maior quantidade de dor a um homem, é através de suas bolas.
Seja como uma reivindicação do poder feminino ou como uma renúncia do poder masculino, ballbusting é um fetiche que pode ser bastante prazeroso para ambos os sexos.
Dói muito? E os riscos?
O ballbusting deve sempre ser realizado dentro dos limites do parceiro. E isso serve para qualquer prática sexual. Se não houver respeito, não é fetiche. É agressão, violência e abuso.
Qualquer pancadinha nas bolas pode ser bem intensa, mas a dor é subjetiva, portanto, cada indivíduo possui uma tolerância diferente para cada tipo de dor. No caso do ballbusting, há homens que amam essa prática que só aguentam tapinhas leves e apertadas leves nos testículos. Por outro lado, há homens que já estão com uma maior resistência, então aguentam chutes um pouco mais fortes.
Se você for procurar por vídeos de ballbusting na internet (há dezenas de milhares), talvez verá alguns homens com uma resistência surreal levando chutes bem fortes. Porém, homens assim são muito raros no ballbusting. A maioria dos entrevistados disseram que qualquer pancada sem muita força nas bolas já é capaz de deixá-los chorando em posição fetal. Mas toda aquela ideia de dominação (já mencionada aqui nesse artigo) suaviza a intensidade da dor. No fim, a dor e o prazer caminham juntos como em qualquer fetiche que envolva dor, como por exemplo em sadomasoquismos mais leves como tapa na bunda e mordidas.
Uma das dominadoras afirma que é muito raro encontrar homens interessados nessa prática. A maioria deles se encolhe só de encostar nas bolas. É bem mais comum encontrar uma mulher que acha interessante a ideia de ballbusting do que um homem que aceite qualquer forma de impacto numa região tão frágil.
Princess Marx conta que ballbusting é sem dúvidas nenhuma o fetiche preferido dela. Mas ela deixa claro que o ballbusting deve sempre ser realizado dentro dos limites do parceiro. E isso serve para qualquer prática sexual. Se não houver respeito, não é fetiche. É agressão, violência e abuso.
Goddess Aviva enfatiza que jamais deve-se torcer os testículos durante o ballbusting, não importa o quão experiente e resistente seja o parceiro. Ela conta que essa técnica possui maiores riscos de causar algum tipo de lesão séria ao submisso. Bata, aperte, amarre, puxe, sempre dentro dos limites, mas não torça o saco escrotal.
Nenhuma das pessoas entrevistadas tiveram situações em que aconteceram lesões ou alguma outra coisa muito séria, portanto, por mais sensíveis que sejam os testículos, é totalmente viável praticar ballbusting de forma segura, excitante e divertida sem que haja qualquer problema na saúde reprodutiva do parceiro. O importante é ninguém ir além do que aguenta.
Creatrix Chalice diz que o ballbusting pode dar errado ser for praticado de maneira inadequada por pessoas inexperientes. Portanto, se você for dar início à esse tipo de prática, lembre-se de começar de maneira bem leve e ir aumentando a intensidade aos poucos. Nunca deixe de estar atenta aos limites do parceiro. Faça pausas se necessário. Tenha uma palavra de segurança para auxiliar na prática. O prazer é importante, mas a segurança vem antes de tudo. Comunicação, respeito e confiança são as palavras-chave de fetiches BDSM.
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