“Pony play escapa de uma definição fácil” ¹. É com essa frase que Rebecca Wilcox — ativista de pony play, treinadora de cavalos humanos desde 2004 e praticante de hipismo desde a infância — começa seu livro. Pony play (jogo ou brincadeira de pônei) é um conjunto diversos de práticas com um ponto em comum: ao menos um dos praticantes ocupa o papel de um equino. Fora isso, o céu é o limite para a variedade de modalidades, dinâmicas de poder e identidades.
“Existem muitos tipos de ponies. Todos são válidos, maravilhosos e divertidos” ² — subMissAnn
Para subMissAnn — participante da comunidade ha mais de 20 anos, praticante de pony play desde 2006, formadora do Los Angeles Pony and Critter Club e editora e contribuidora da antiga revista Equus Eroticus — pony play é “uma forma de BDSM, de fetichismo e de role playing (dramatização, encenação)” ². Ela também diz que pode ser praticado “por um indivíduo, com um time ou como um evento social”². Individualmente, é o cavalo-humano com sua persona de pony. Em time pode ser um treinador e um pony ou um grupo de pôneis sem treinador.
“Sempre que um humano decide parecer e agir como um equino biológico, surge forma de pony play” — Rebecca Wilcox
A pratica tem características muito variadas, com algumas categorias mais ou menos definidas. Alguns cavalos-humanos se encaixam em alguma categoria, outros podem se encaixar em mais de uma. Mas, para facilitar, vou dividir como alguém pode viver o pony-play usando três dimensões.
1. Humilhação versus auto-expressão
A pessoa que faz o papel de pony pode ser “forçado” a ser um cavalo ou se sentir naturalmente um cavalo. Ser forçado a ser um cavalo pode ser degradante para alguns praticantes e vivido como uma humilhação. Já para outros, ser cavalo é uma auto-expressão positiva de uma parte de si mesmos. Neste segundo grupo estão os praticantes que tem uma persona equina, com nome equino, raça, etc. No primeiro, estão em geral os pony slaves, que praticam em um setting com características típicas aos BDSM (muita restrição, disciplina, dominação e submissão, sadismo e masoquismo).
2. Características da prática
O pony pode viver sua prática dentro de dinâmicas BDSM, de una forma fetichista, como role play ou até mesmo como furry. Quem pratica pony play exclusivamente como forma de humilhação em geral o faz dentro de jogos de poder BDSM. Quem se sente de fato um cavalo pode transitar de todas essas maneiras. Novamente, nem sempre um pony cai em uma só categoria (lembra da frase da Rebecca Wilcox?).
3. Atividades possíveis
Tudo o que um cavalo real faz, um pony humano pode fazer. As atividades dentro do pony play são em geral inspiradas em atividades de cavalos reais. No exterior são comuns reuniões e inclusive campeonatos. Qualquer tipo de pony pode se envolver nessas atividades.
Dressage, a prática de refinar os movimentos do cavalo por meio de treino para atingir o máximo de precisão e elegância
Cavalos de tração de carroças ou carga
Cavalos de montaria, que carregam seus humanos nas costas
Provas de salto e obstáculos
Caça à raposa, jogo em que uma pessoa faz o papel de uma raposa é solta e pessoas que ocupam o papel de pôneis ou cachorros vão ao seu encalço
Referências
Rebecca Wilcox. The Human Pony: A Handbook for Owners, Trainers and Admirers.
2. subMissAnn. Pony Play With Submissann. 2a edição, 2014
3. Site do cPony: https://www.cpony.com
0 Comentários